Você acha que está difícil se aposentar no Brasil? Então você não conhece John Wick.
[CONTEM SPOILERS DO PRIMEIRO FILME, CASO AINDA NÃO TENHA ASSISTIDO, SUGIRO QUE ASSISTA NA NETFLIX ANTES DE VER O 2]
Para quem não está familiarizado com o personagem, John Wick (Keanu Reeves) é o protagonista de ‘De Volta ao Jogo’, filme lançado em 2014. Nele John é um mito entre os matadores de aluguel, mas se encontra aposentado. Até que certo dia, o filho de um mafioso russo e sua gangue invadem a casa de Wick, roubam seu carro e matam seu cachorro (dado pela sua falecida esposa). Após isso, Wick deixa a aposentadoria e mata todos no seu caminho até conseguir sua tão esperada vingança.
[A PARTIR DAQUI ESTÃO SPOILERS SOBRE O 2]
Nesse segundo filme, Wick sela a paz com os russos após sua vingança do filme anterior e volta a aposentadoria, o problema é que para conseguir se aposentar da “Ordem” ele fez um acordo com Santino D’Antonio (Riccardo Scamarcio), um dos lideres da mafia italiana, e como ele abandonou a aposentaria agora D’Antonio quer cobrar o favor que ele lhe ofereceu, por isso sua aposentadoria vai ter que esperar novamente.
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A mitologia, universo, realidade… (como você queira chamar) criada especialmente para um filme é algo que costuma prender minha atenção. Pequenas ou grandes diferenças em como funciona o mundo, associações, empresas, personagens e hábitos que alguns filmes apresentam, mesmo se passando nos dias atuais dão outro valor a obra, vide Star Wars que foi o ápice disso.
Em muitos pontos John Wick lembra o filme ‘Wanted’ de 2008, onde existe um “clube” secreto de assassinos, e nele temos um assassino que é uma lenda, existindo um respeito natural entre seus membros.
A diferença é que esse “clube” é muito mais explorado em ‘John Wick’, e mais características são adicionadas a cada filme. Nessa continuação vemos que existem outros hotéis Continental (base do clube) pelo mundo, descobrimos que além de um serviço de limpeza especializado em cadáveres, sangue, munições, etc, e o serviço de conserto de carros que são apresentados no primeiro filme, eles possuem também alfaiates que disponibilizam roupas a prova de balas e disfarces, vendedores de armas personalizadas, facilitadores com chaves, plantas de construções, mensageiros, médicos e esconderijos, além de um complexo e esquisito sistema de contabilidade e gerenciamento de contratos.
Tudo isso que foi criado e apresentado nessa sequência, abre um leque gigante de possibilidades para expansão da franquia, como prometeram HQs, pelo menos mais um filme e quem sabe livros ou games, podendo também explorar spin-offs de personagens ou da própria organização.
Você pode até não gostar do cara, achar ele um robô atuando ou qualquer outra crítica, mas verdade seja dita, ele conseguiu criar uma marca em cima de um personagem frio.
A forma de empunhar as armas e de lutar de Wick, é totalmente diferente de qualquer outro personagem de ação do cinema, qualquer um. E nos dois filmes ele é idêntico, não que isso seja algo opcional, mas serve para confirmar como é algo único. Em tempos de modinha de jiu-jitsu e muay-thai, ver um badass usando um judô estranho pra bater nos vilões é no mínimo interessante.
Aliás, quem diz que ele está repetindo o papel do Neo ou não assistiu Matrix, que é um pecado capital e renderá anos queimando no fogo do inferno, ou simplesmente está julgando John Wick por trailers, de qualquer forma é uma comparação que não procede.
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Sem muito papo, essa sequência segue bem os moldes do primeiro: motivação, planejamento e vingança total. Com a diferença de que como o personagem já foi apresentado antes temos tempo para vê-lo cumprindo um contrato antes de se vingar de verdade, e ver ele em ação, encontrando outros assassinos no caminho é a melhor parte do filme.
O “vilão” Cassian (Common) traz um grande desafio ao protagonista e adiciona tanto como personagem no “mundo” dos assassinos, quanto também no enredo mostrando que nem todo assassino é minion genérico.
Como nada é perfeito, temos a belissíma Ruby Rose, mantendo sua sequência de blockbusters de ação (depois de aparecer em Triplo X 3 e Resident Evil 6), interpreta a vilã muda Ares, que parece que vai ser importante durante todo o filme, mas no final é só diferente por não falar.
Além do gancho deixado no final desse filme, o proprio Reeves já confirmou que pelo menos mais um filme já é realidade, e até Samuel L. Jackson comentou que tem interesse em participar, então mesmo não sendo uma franquia que briga por prêmios e nem tem a pretensão de ser uma obra de arte, John Wick se destaca muito dentro do gênero de ação, gerando fãs não só entre o publico geral como também na industria, entre atores, diretores e críticos de cinema.
Keanu Reeves conseguiu criar um excelente personagem para a proposta do filme, com certeza o longa não é e nem será uma unanimidade, mas conquista a grande maioria dos fãs de ação, com poucos diálogos, um humor simples de troca de olhares e MUITO tiroteio, John Wick 2 segue os passos do primeiro, adicionando o medo de que ele deixe o cachorro morrer novamente.
Que venha o terceiro – John Wick contra o mundo!!
