Love, Death + Robots é mais uma das surpresas que 2019 vem apresentando, e nesse caso, uma surpresa maior ainda porque comecei a assistir sem saber absolutamente nada!
Ok, para não dizer nada, eu presumi que era uma animação quando vi no twitter o título de um post comparando a série com a fantástica ‘Animatrix’, e outro dizendo que não é recomendado para menores de 18, fora isso, referências e expectativa eram totalmente nulas, assisti sem ter a menor noção do que iria encontrar. E posso dizer que é uma sensação totalmente diferente, ser surpreendido de maneira tão boa com algo tão inesperado.
*E que fique claro: A série vai te surpreender, cedo ou tarde, lendo esse review ou não, algum episódio vai acabar te surpreendendo!
Nunca tinha nem ouvido falar da série, mas como tinha acabado de terminar Umbrella Academy, estava em busca de uma nova série para acompanhar.
Quase que simultaneamente, pelo twitter no celular, vi duas pessoas falando sobre a série (a comparação com Animatrix, e a recomendação para adultos), enquanto na TV a Netflix me recomendou a série.
Antes de dar play no primeiro episódio, já me assustei com a quantidade de capítulos – já faz um bom tempo que nem me arrisco a começar uma série com mais de 13 episódios.
Mas além dos dois motivos já ditos (Animatrix, e +18), outras duas fortes razões me fizeram abraçar a série: são 18 episódios, porém com duração entre 6 e 18 minutos cada, isso considerando introdução e créditos. Então são curtinhas, que você pode assistir em uma visita ao trono.
O outro motivo, e talvez o mais forte deles, é o fato da série ser uma criação de Tim Miller e ser produzida por ninguém menos que David Fincher.
Pra quem não ligou os nomes às pessoas, Miller é o cara que junto com Ryan Reynolds fez o primeiro Deadpool sair do papel, não só por ter sido diretor e um dos caras que ajudou a convencer a FOX desde o começo, mas porque ele também é um dos fundadores da Blur Studio, que está presente em inúmeros blockbusters com grandes efeitos especiais, e cinematics de games.
*Veremos mais da Blur mais a frente*
E sobre o Fincher só tenho que dizer: Clube da Luta, Sev7n, Zodíaco, e House of Cards.
Sendo realistas e diretos, a série é um grande (e excelente) portfólio de escritores, diretores e estúdios de animação.
Love, Death & Robots foi uma oportunidade de escritores e diretores desconhecidos do “mainstream” mostrarem que tem excelentes ideias e muito talento. E somando isso, estúdios de animação nem tão desconhecidos assim, puderam investir tudo em pequenos vídeos mostrando onde a tecnologia de efeitos visuais já chegou.
A diversidade visual dos episódios é o primeiro ponto a ser reparado, temos animação dos anos 90, episódio estilo anime, colorida e estilizada como o Homem-Aranha no Aranhaverso, e o melhor, os episódios realísticos!
Os episódios que buscam o realismo, deixam a dúvida sobre o que é captura de movimentos, e o que é animação pura, o que é desenho e o que é real. Mostrando que o que vemos nos video-games ainda não é o limite da tecnologia.
*Os episódios, Beyond the Aquila Rift e Zima Blue são inspirados nos contos de Alastair Reynolds, vale a pena conferir.
Antes de dar um resumo e comentar cada episódio, vamos classificar os episódios por estilo, já que não existe uma ordem certa para assistir.
Aquela violência e sangue que a família brasileira tanto ama.
Na verdadeira a maioria dos episódios tem certa violência, mas esses 4 tem cenas mais fortes.
01 – Sonnie’s Edge
05 – Sucker of Souls
10 – Shape-Shifters
18 – Secret War
Se você acha ok assistir episódios violentos, na sala, durante o almoço em família do domingo, mostrando para a sua avó todo o poder gráfico das animações atuais, maaaas… aquele mamilo, pelo pubiano, ou pingólona digital, ainda são tabu, então pule esses episódios, e guarde para antes do banho.
01 – Sonnie’s Edge
03 – The Witness
07 – Beyond the Aquila Rift
08 – Good Hunting
18 – Secret War (uma cena só)
Aqueles que você pode assistir com a família toda, sem muito medo. Nada que Dragon Ball já não tenha nos mostrado quando eramos crianças:
02 – Three Robots
04 – Suits
06 – When the Yogurt Took Over
09 – The Dump (cuidado com esse)
11 – Helping Hand
12 – Fish Night
13 – Lucky 13
14 – Zima Blue
15 – Blindspot
16 – Ice Age
Episódios ultra-realistas, histórias densas em 10 minutos, personagens bem elaborados, histórias malucas, e seios muito bem modelados tornam ‘Love, Death & Robots’ não só surpreendente e divertida, mas também um marco para industria de animação. Mostrando que existe a possibilidade de empresas e profissionais lançarem conteúdo original, mesmo que de curta duração, e ter grande alcance e repercussão.
Apesar de não acreditar muito na possibilidade, gostaria muito de ver spin-offs de alguns desses episódios, mostrando continuações, prequelas ou até mesmo outras histórias no mesmo universo dos episódios exibidos.
*Esse tópico pode conter SPOILERS, fica ligado para não estragar a experiência.
**Saíram notícias dizendo que a Netflix poderia trocar a ordem dos episódios para diferentes usuários, portanto talvez essa minha lista não esteja na mesma ordem que a sua.
EP1 – Sonnie’s Edge
O primeiro episódio já chega com o pé na porta, com um drama pesado de uma moça que participa de batalhas de monstros, mas apesar do drama e dos acontecimentos serem interessantes, a batalha de monstros que acontece foi o que me impressionou, a melhor que assisti em anos, e a única expressão que descreve sem ofender muito é: foda demais!
EP2 – Three Robots
O segundo capítulo te deixa surpreso porque ele é totalmente o contrario do primeiro.
Você acabou de sair de um clima pesado e violento, e agora é apresentado para três robôs passeando por uma cidade pós apocalíptica e tentando aprender sobre os humanos e seus antigos comportamentos.
Com personalidades e origens totalmente diferentes, eles vão descobrindo e discutindo nossas antigas atitudes de uma forma tão inocente que parece até que somos totalmente estupidos (parece…).
EP3 – The Witness
Saindo do clima leve e trazendo de volta a tenção, ‘A testemunha’, é um dos episódios mais estilosos da série, com um visual muito parecido com o mundo de Homem-Aranha no Aranhaverso, mas ao invés de heróis, temos uma trama adulta, apesar de colorida, e ângulos de câmera simulando um filme live action mesmo, com balanço, curvas e até respiração embaçando a lente, com uma bela doidera de final.
EP4 – Suits
Desculpa o spoiler, mas não tem como ignorar Caipiras pilotando Mechas para matar invasores dimensionais comedores de gado! Episódio doido, divertido, e ainda sim com um bom roteiro e um final no mínimo interessante.
EP5 – Sucker of Souls
Um dos episódios mais fracos da temporada, mas que prova que a série é uma espécie de “TV Interdimensional de Rick and Morty”, porque te joga no meio de uma história, e o episódio termina também de maneira inesperada. O capítulo só vale pelo “gore” da primeira morte, que fez a moça que estava sentada ao meu lado no ônibus trocar de lugar (ninguém mandou ser curiosa ^^).
EP 6 – When the Yogurt Took Over
Para reforçar o fato de que a série é o mais próximo que temos da “TV Interdimensional de Rick and Morty”, esse episódio mostra nada menos do que uma evolução do yogurt toma consciência, e se tornam mestres em economia, criando seu próprio “reino” com humanos. (Cuidado com os lactobacilos vivos do Yakult!)
EP 7 – Beyond the Aquila Rift
Talvez o episódio mais espetacular da temporada, tanto do ponto de vista visual, como também de roteiro e seriedade do produto.
Ele também é a melhor prova da questão do portfólio que falamos anteriormente, esse é o único episódio produzido pela ‘Unit Image’, mesma empresa de cinematics de ‘God of War’, ‘The Crew 2’, mais recentemente os excelentes vídeos de ‘Beyond Good & Evil 2’.
Eles não só representaram o capítulo da forma mais realista possível, como, mostraram que suas mecânicas de nudez e sexo estão o mais próximo do real possível.
Além do visual, o final é surpreendente e de certa forma perturbador.
Se não é o melhor, é presença garantida no top 3 da temporada.
EP 8 – Good Hunting
Apesar de um conceito bem diferente, esse episódio não está entre os meus favoritos.
Começando com kung-fu na China, e terminando como um steampunk na Inglaterra, ‘Boa Caçada’ é mais mistura mitologias e ideias, num episódio muito adulto, porém sem muito conteúdo e carisma.
EP 9 – The Dump
Talvez caipiras pilotando robôs gigantes tenha sido o ápice do inesperado, mas o episódio do ‘Lixão’ é um dos mais engraçados, exatamente pela caracterização dos caipiras.
Episódio doido, e muito divertido.
EP 10 – Shape-Shifters
Mais um episódio ultra realista e outro que está no meu Top 3. Acompanhando dois lobisomens lutando pelos Estados Unidos no Oriente Médio.
É um episódio de 15 minutos que conta e mostra mais coisa que muitos filmes de 90.
EP 11 – Helping Hand
Quem acha que a Sandra Bullock sofreu em ‘Gravidade’, não conhece Alexandria.
Episódio curtinho, que também não está entre meus favoritos, mas que tem seu valor por ser totalmente angustiante, e pela sacanagem que é o título dele.
EP 12 – Fish Night
O pior episódio da temporada, fácil, fácil.
Com um visual mais cartunesco estilo jogos da finada Telltale, ele talvez tente ser filosófico de alguma forma, mas só achei uma bosta mesmo.
EP 13 – Lucky 13
Mais um presente no meu Top 3, mais um que em vários momentos você não sabe se é animação ou live-action.
Também é mais um capítulo que em 15 minutos (nesse caso 13, como tudo no episódio), consegue contar uma história e fazer com que nos importemos, não só com a protagonista, como por uma nave!
EP 14 – Zima Blue
Outro episódio descartável na minha opinião, mas que tem muito mais valor que o episódio dos peixes.
Um dos capítulos mais estilizados da temporada, mostra a jornada filosofal de um robô, e suas evoluções, até descobrir que ser robô é melhor mesmo.
Essa foi a minha explicação, mas ele é muito mais profundo que isso, envolvendo sentido da vida e futilidade… mas o que eu quero mesmo é ação, sangue e putaria.
EP 15 – Blindspot
Um ótimo piloto para animação dos anos 90, mas um episódio que não se encaixou muito bem no estilo da série.
É legal, é divertido, mas não está a altura de Love, Death & Robots.
EP 16 – Ice Age
Outro episódio descartável, e nesse caso é um episódio que não se encaixou nada na série já que o que menos tem é animação.
A ideia da civilização em miniatura é interessante, mas já foi muito melhor explorada em vários outros lugares. E nesse caso o tempo não é desculpa, já que uma abrida de armário em MiB já foi mais completo que esse capítulo.
EP 17 – Alternate Histories
Uma baita premissa interessante, mas que foi traduzida num episódio que não me agradou muito.
É o episódio mais curto, apesar disso consegue apresentar bastante conteúdo, mesmo que longe do potencial máximo.
EP 18 – Secret War
Mais um episódio com visual realista, porém com muita cara de cinematic de algum jogo de guerra, não se pela quantidade de jogos com essa temática, mas não me pareceu tão live action como os outros.
A história e a ação também foram muito bons, misturando russos com sobrenatural.