Sandman – Nem só de pancadaria vivem os quadrinhos

Filosofal descreveria bem o tema da HQ, porém faria parecer chata, coisa que de longe ela não é.

Cartaz Sandman

Clássico dos clássicos das HQs adultas, Sandman foi escrita por Neil Gaiman entre 1989 e 1996 e publicada pela Vertigo (Uma das varias editoras da DC) e conta a história de Sandman (Sonho, Morpheus ou algum outro nome que acabam usando para tratar dele) um dos “Perpétuos”, que são entidades imortais que controlam a ordem do universo, no caso dele, o sono e os sonhos ou pesadelos.

Particularmente gosto muito dos títulos da Vertigo, normalmente fogem daquela pancadaria generalizada que encontramos nos quadrinhos mais populares. Isso acaba deixando a história em si mais bem acabada e profunda, já que não tem escapatória, ou eles preenchem a edição toda com história ou deixam em branco, não tem explosões e lutas inacabáveis para dar volume.

As edições

Foram quase 10 anos de publicações, somando 75 edições, que hoje são vendidas em volumes que contem alguns arcos… Vamos lá, originalmente eram lançadas as edições individuais (75 total) que contavam 13 arcos (histórias relacionadas), para facilitar a venda, a Panini separou no Brasil todas as histórias (mais algumas extras) em 4 volumes (Edições Definitivas).

Vol 1 – Arcos 1, 2 e 3
Vol 2 – Arcos 4 a 7
Vol 3 – Arcos 8 e 9
Vol 4 – Arcos 10 a 13

ARCOS:
1 – Prelúdios e noturnos (01 a 09)
2 – A casa de bonecas (10 a 16)
3 – Terra dos sonhos (17 a 20)
4 – Estação das brumas (21 a 28)
5 – Espelhos distantes (29 a 31 e 50)
6 – Um jogo de Você (32 a 37)
7 – Convergência (38 a 40)
8 – Vidas breves (41 a 49)
9 – Fim dos mundos (51 a 56)
10 – Entes queridos (57 a 69)
11 – Despertar (70 a 73)
12 – Exílio (74)
13 – A tempestade (75)

O Enredo

Mas voltando ao que interessa que é a história, tudo começa quando um grupo de ocultistas faz um ritual para aprisionar a Morte (irmã de Sandman) para que sob o controle deles, os tornem imortais. Porém o resultado do ritual é diferente do que eles esperavam e no lugar da Morte outro ser aparece desmaiado, eles retiram todos os seus equipamentos (uma algibeira, um elmo e um rubi) e roupas e o aprisionam numa redoma de vidro com marcações no chão que o impedem de escapar. Lá ele passa 70 anos parado ignorando seus captores até conseguir fugir e se vingar de uma forma muito peculiar e extremamente cruel (mas o cara realmente merecia algo a altura).

Já na primeira edição Neil Gaiman mostra porque sua história viria a ser tão amada, em 40 paginas ele consegue nos dar a introdução de uma toda uma mitologia que coexiste num mundo de Liga da Justiça.

E ainda mais interessante, é que tendo esse universo já estabelecido de heróis, e mesmo considerando a cultura dos quadrinhos, seria muito mais fácil contar a história da morte, que chama muito mais atenção e não requer tanta criatividade.

Para dar o peso e a devida importância do ‘Sonho’, Gaiman passa o primeiro “episódio” mostrando o que acontece as pessoas quando Sandman está ausente e deixa de fazer a sua parte no equilíbrio da humanidade, literalmente nos fala: “Poderia contar a história da Morte nesses quadrinhos, mas não vou, conheçam o Mestre dos Sonhos e como o sonhar é tão importante quanto viver ou morrer”.

Daí para frente, durante o primeiro arco, Sandman tenta recuperar seus artefatos para ter acesso a todos os seus poderes novamente, no caminho ele conta com a ajuda de Constantine e interage com sua irmã mais velha Morte, cita a Liga da Justiça e se vinga de quem merece.


Sandman é facilmente top 5 entre os meus títulos de HQs favoritos, chega a ser fascinante acompanhar o desenrolar das histórias, as consequências e atitudes, que são muito reais, mas que normalmente não prestamos atenção, fora o fator “imprevisibilidade”, por ser uma história que foge do convencional que acaba dando carta branca para o autor usar toda a sua criatividade nas histórias.