Antes de falar da história de Vingadores: Guerra Sem Fim, tenho que fazer uma propaganda gratuita para a qualidade da série Marvel OGN (Original Graphic Novels) publicadas no Brasil pela Panini Books. Só de passar pela livraria e ver a qualidade da capa dura e texturizada já chama a atenção, quando você abre e vê os desenhos no papel couché, é para levar para casa sem nem saber do que se trata a história, só pela beleza da coisa.
Temos no “livro” o prefácio bem interessante escrito pelo ator Clark Gregg, o Agente Coulson falando da importância da Marvel e os quadrinhos na sua vida.
Para os designers e quem gosta de arte temos uma página com a tipologia completa do símbolo dos Avengers, e para quem gosta de tecnologia, varios quadrinhos tem a marca do aplicativo Marvel AR (Augmented Reality, Realidade aumentada), que até hoje ainda é um grande fracasso da Marvel, a promessa é que essa ferramenta (o uso de um app para smartphone, para saber mais de certas cenas) seria o futuro dos quadrinhos, o problema é que o aplicativo nunca funcionou e você ficava que nem bobo mirando a câmera do celular nas páginas ao invés de fazer o que interessava que era ler o conteúdo. Nem sei se eles ainda lançam as HQs com essas marcas, mas se você encontrar alguma, simplesmente ignore que a própria Marvel já abandonou o aplicativo desde 2014 e desde então estão “procurando” por novas opções.
Mas estamos aqui para falar da história, então vamos lá:
Uma abominação, considerada há muito enterrada, ressurgiu numa terra arrasada pela guerra. Mas agora ela veste uma bandeira americana. Diante de mais um pesadelo renascido, o Capitão América não vai tolerar ainda mais mortes pelas mãos de um fantasma de seu passado. Assombrado por sua maior vergonha, Thor deve retomar a caçada a uma fera familiar. Ao lado de ambos, um grupo de aliados unidos para debelar as ameaças que nenhum deles poderia enfrentar sozinho. Eles são soldados, guerreiros, irmãos de armas. Poderosos heróis liderados por uma lenda viva, mais fortes juntos do que separados. Eles são os vingadores.
O interessante é que na verdade o foco dessa história não é a pancadaria generalizada que a gente normalmente espera, e sim as pessoas por traz das máscaras, personalidade, culpa, desejos e relacionamento dos Vingadores.
Vemos o sofrimento do Capitão América por estar num mundo no qual ele não pertence, o Homem de Ferro tentando ser diferente do seu pai, Thor e seu desejo de ser sempre o maior guerreiro, Wolverine que não se importa com quase nada, Gavião Arqueiro sendo o zé ruela de sempre, Capitã Marvel é a representante militar e a Viúva Negra é quem consegue informações do governo, SHIELD e cia.
Mas isso tudo são características que mesmo não sendo tão exploradas, estão presentes em quase todas as histórias dos Vingadores, e é partindo daí que a HQ adiciona algo e tem seu valor como história.
Nela também observamos que SHIELD e Vingadores não são a mesma coisa, quando interesses financeiros se chocam com a paz, a parceria é deixada de lado. Sobra até para o Bruce Banner ser usado como bomba da SHIELD, alguém não está fazendo o que eles querem? Joguem o Banner lá e esperem o Hulk aparecer.
Wolverine é o mais diferente da equipe, já que ele simplesmente não se encaixa no grupo, você estranha ele no meio daquele pessoal, ele adota uma função de kamikaze da equipe, e parece preferir ir de peito aberto enfrentar monstros gigantescos do que ter que ficar discutindo táticas e estratégias com os outros, ele não se importa com nada e seus planos são sempre os mais simples e eficazes, mas que não podem ser usados porque são antiéticos.
Gavião Arqueiro, sempre foi o mais zuado do grupo, o cara mais inconveniente, principalmente pelo seu estilo de vida fora dos Vingadores, nos filmes até tentaram passar um pouco disso para o público com pequenas piadas e a surpresa dos outros heróis ao ser revelado que ele que ele tinha família, mas nas HQs ele sempre foi muito mais explorado por esse lado, mas em Guerra Sem Fim tiveram momentos em que eu fiquei com dó do bullying que ele sofre, os caras pegam pesado com ele em alguns momentos (e isso é bem engraçado).
Mas não podemos falar de Vingadores sem falar de Steve Rogers, ainda mais quando ele é um dos protagonistas da história (junto com o Thor), o que vimos no cinema em Capitão América: Guerra Civil, é muito explorado aqui, o Capitão é o senhor certinho, sempre querendo fazer o que é correto, mesmo que isso tenha um preço alto, mas também é o cara que sempre tem a razão e que não aceita ordens. Outras opiniões são quase que ignoradas por ele, ele abandonaria o grupo para fazer as coisas do seu jeito. Mandão e cabeça dura são duas características do Capitão América que passam despercebidas por muita gente.
É uma história com muito humor, e durante a maior parte do tempo o leitor se identifica com aquele grupo, pois são um grupo de amigos como qualquer outro com o cara esquentadinho, o engraçado, o líder…. Entretanto, no fundo parece que a única pessoa que enxerga o mundo do jeito que ele realmente é, é o Wolverine, e acaba sendo chamado algumas vezes de animal.
Infelizmente é história curta, cerca de 100 páginas, mas muito interessante do ponto de vista das personalidades dos personagens, tem um final que deixa a desejar, mas que cumpre muito bem a ideia de contar uma história focada no perfil de cada herói.
Anos atrás quando comprei a HQ, tenho que admitir que a história foi bem frustrante, mas depois de ver tantos filmes de super-heróis e ler vários quadrinhos diferentes, minha opinião mudou bastante. Então esteja esperando por algo mais “profundo” e menos sangrento.