O primeiro filme de super-herói do ano e estava ansioso para saber se a FOX iria conseguir estragar tudo de novo ou se finalmente deixaria os fãs felizes. Posso dizer que enfim conseguiram, os créditos iniciais já mostram do que se trata e explicam para o publico o que é será filme e os antigos fracassos da FOX.
Quando o mercenário Wade Wilson (Ryan Reynolds) é diagnosticado com câncer terminal, um misterioso homem o oferece uma chance de cura e ainda adquirir habilidades nunca antes imaginada por ele. Depois de passar por uma série de experimentos ele descobre o verdadeiro motivo da “ajuda” e adotando o nome Deadpool ele sai em busca de vingança.
Deadpool é tudo que se esperava do personagem, como nos quadrinhos ele é maluco, fala tudo que vem na cabeça (e passa muita besteira na cabeça dele), faz somente o que é do seu interesse, briga com os heróis, briga com os vilões e claro tem um senso de humor sobre-humano. Outra coisa que não poderia faltar é ele falando com o expectador, nos quadrinhos é assim, em certos momentos outros personagens perguntam com quem ele está falando, porque no meio de uma conversa ele para e começa a explicar as coisas para nós.
Considerando que não sou fã de comédias românticas, só conheço o trabalho do Ryan Reynolds em Blade 3, R.I.P.D e nas maiores referencias para esse filme, X-Men Origens e Lanterna Verde. E baseado nisso, esse é o melhor papel dele.
Maaaas é complicado você dizer que um ator não é bom, só porque o filme que ele fez não é bom. Até 2 anos atrás o Ben Affleck era o pior ator do mundo pelo seu Demolidor e hoje quase todo mundo aceita bem seu papel como Batman, levando em conta toda a história por trás da produção do Deadpool, toda a luta do Reynolds para tirar o projeto do papel, acho que ele se redimiu de qualquer personagem ruim que ele já interpretou na vida.
O uniforme ficou sensacional, e é real, não é computação gráfica como o do Lanterna Verde, tudo de verdade o próprio Reynolds diz que ficou com o traje, a única exceção é para os olhos, aquele efeito branco é claro que não é maquiagem, mas por usar uma máscara tanto Reynolds quanto a equipe que animou a área dos olhos estão de parabéns que um excelente trabalho foi feito.
Algo que me chamou atenção foi a importância dos personagens secundários, e a divisão de tempo de tela parecida entre eles, nas batalhas Colossus e sua estagiária aparecem sempre, nos momentos de Wade sem uniforme temos o Jack Hammer e nos flashbacks a Vanessa Carlysle, sua namorada, dividindo a cena com ele. Com menos espaço, mas também importantes Blind Al e o taxista Dopinder tem mais a função de manter a comédia em momentos de transição de “cotidiano” do herói, onde ele vive e como ele chega nos lugares.
Colossus e Negasonic Teenage Warhead (ou simplesmente Míssil) são as melhores surpresas para mim nesse filme, assistindo aos trailers eu imaginava que o papel deles na trama seria só uma maneira de mostrar que os X-Men existem nesse mesmo universo, mas no filme eles complementam o “herói” e sua história. Colossus merece um tópico próprio (a seguir), e a Negasonic que como o próprio diretor Tim Miller disse, foi usada por seus direitos de uso serem mais baratos e fáceis, agora pós filme podemos dizer que é uma personagem que pode ser mais explorada, mesmo a atriz Brianna Hildebrand dizendo que talvez a personagem não volte para a sequência.
Ainda falando em gigante, Gina Carano está muito grande também, arrisco dizer que se ela estivesse desse tamanho lá em 2009, ela teria resistido pelo menos um round contra a Cris Cyborgue no Strikeforce. Para quem não é muito do MMA, Gina era como a Ronda Rousey é hoje (guardadas as devidas proporções), era invicta, muito bonita e carismática (Carano é muuuito mais bonita que Rousey), até que apareceu a brasileira Cris Cyborg e a espancou (como ela costuma fazer com qualquer outra mulher) na disputa do título do finado Strikeforce. Depois da derrota ela descobriu que apanhar dói e resolveu investir na carreira de atriz, de lá pra cá ela participou de 9 filmes e quase sempre com personagens como esse, a capanga ou assistente que chuta bundas, com destaque para Velozes e Furiosos 6 e A Toda Prova.
Colossus é o personagem mais legal do filme depois do próprio Deadpool, ele é tão melhor que o seu antecessor dos outros filmes dos X-Men que não tem nem como comparar, já começa pelo tamanho, o cara é gigante, interpretado fisicamente pelo ator e duble Andre Tricoteux é o poder e aparência que todo fã de X-Men pediu para Deus.
Separei um tópico próprio para Colossus porque o já citado Andre Tricoteux é apenas o corpo do mutante de ferro, a produção não queria só um cara gigante queriam um bom ator e que falasse russo para dar o sotaque ao personagem, decidiram então que Stefan Kapicic daria a voz ao personagem, e ele conseguiu criar um personagem muito carismático desde o jeito dele falar, o sotaque russo é muito forte mas consegue entender perfeitamente o que ele diz (chupa essa Tom Hardy), é aquele cara grandão mas bonzinho e tudo isso Kapicic consegue passar pela voz, dando vida a um colosso de ferro.
Poderia parar por aí, mas Greg LaSalle bastante conhecido pelo seu trabalho capturando movimentos faciais para filmes como Vingadores, Guardiões da Galáxia, Transformers e mais um punhado de filmes de alto orçamento, resolver testar suas habilidades em si mesmo, sozinho num estúdio ele fez a captura da face para o personagem, usando as cenas já gravadas ele recriou o rosto do personagem usando suas expressões.
No filme ele faz um pouco o papel do Cable dos quadrinhos, é o oposto do Deadpool, o cara sério que tenta o colocar na linha, mas se para pra pensar o Cable também é o oposto desse Colossus, um o líder durão e o outro o bonzinho, ou seja, eles funcionariam bem num futuro filme, a presença de um não elimina a necessidade do outro, eles seriam quase que o anjinho e o diabinho no ombro do Deadpool.
Lotado de referências, porque se tem uma coisa que nerd gosta são referências.
O site WhatCulture fez uma lista com 100 referencias e easter eggs no filme, desde piadas internas e coisas que só quem é muito hardcore percebeu, até algumas referências que são jogadas na sua cara, principalmente com os X-Men e Wolverine.
Outro ponto muito feliz da adaptação HQxCinema está nas cenas sem sentido ou situações que levantaria questionamentos aos espectadores, ele mesmo vira para a câmera e explica (ou tira sarro) a situação, antes mesmo que você possa pensar, “Ué não tem ninguém na Mansão Xavier?” ele já explica “É pessoal, só tivemos orçamento para contratar dois X-Men”. E isso fica mais engraçado porque nenhum outro personagem sabe o que ele está fazendo, só acham que ele é louco mesmo.
Uma dúvida que eu tinha era de como seria contada a história, pois é um filme de comédia, mas para chegar a ser o anti-herói que dá nome ao filme ele teve que ter câncer terminal e isso enquadraria qualquer filme em um drama, então a produção aproveitou o fato de Deadpool quebrar a 4ª parede para explicar tudo por flashbacks, quem ele era e como chegou até ali, deixando tudo de uma forma bem didática. Fazendo isso eles conseguiram dosar bem os momentos de pura comédia com os de história ou “drama”, eu achei que acabaria ficando como o Simpsons – O Filme que começa muito engraçado mas então eles precisam contar a história e acabam deixando a comédia em segundo plano.
Fiquei com a impressão que eles deram uma cortada no filme para que a idade da censura ficasse em 16 ao invés de 18 anos na maioria dos países, me pareceu que eles cortaram as partes mais explicitas das cenas de sexo para deixar a censura somente em relação a violência que era o que realmente interessava.
Conheci o Deadpool no arco Guerra Civil dos quadrinhos Marvel e na hora me chamou atenção, ele faz uma “ponta” na história, só fala besteira, mas é num nível que eu nunca tinha imaginado que um personagem poderia chegar, às vezes ele me lembra um Peter Griffin super-herói, com todo aquele humor negro e situações bizarras que ele explora por sua mente perturbada e sua “imortalidade”.
O filme entrega o que promete, Deadpool é tão babaca que chega a ser inacreditável, muitas vezes o conteúdo de marketing é mais engraçado que o próprio filme, as vezes trailer e outros vídeos promocionais são mais engraçados que o filme por não ter a necessidade de contar uma história, podem simplesmente ser piadas aleatórias para fazer o público rir e ir ao cinema assistir ao filme. E o filme faz isso, piadas aleatórias no meio da história, mas que funcionam muito bem, a todo momento ele quebra um pouco o drama ou a ação e faz todo mundo rir.
É um filme nerd, cheio de referências e piadas a respeito da cultura POP, e nem sempre todo o público médio vai entender, mas são tantas piadas que até quem só quer ver uma comédia sem compromisso com conhecer HQ ou outros filmes previamente, também vai se divertir demais e não vai nem perceber que perdeu várias piadas no decorrer do filme.
É muito bom sair do cinema com todas as expectativas correspondidas, depois de um hype tão grande é difícil acabar não se decepcionando, Ryan Reynolds e toda a equipe estão de parabéns, mesmo com um orçamento limitado principalmente se tratando de um filme de heróis, que necessitam de direitos para utilização de personagens, dinheiro para explosões e efeitos especiais eles conseguiram transformar personagens desconhecidos ou com pouco apelo em figuras até mais interessantes que muito personagem famoso por ai.
Mais um ótimo filme de herói, provando que ainda está longe da categoria sair de moda, lançando um novo tipo de filmes de super-heróis, adulto de comedia, Watchmen estreou os heróis para adultos, mas não era uma comédia, agora mostraram que adultos também gostam de rir.
Além de muito bom o filme é muito importante para a FOX por mostrar que eles conseguem mesmo depois de tantos erros e que eles podem fechar a trajetória de Hugh Jackman como Wolverine do jeito que ele, o personagem e os fãs merecem, um filme violento e cheio de sangue.
Espero ansiosamente pelo próximo Wolverine e claro Deadpool 2 que foi confirmado na cena pós-créditos mais insana da história do cinema, se alguém tinha dúvida que Deadpool era um FDP, ele aparece no pós-créditos para nos lembrar. TOP.
#PeideiEsai