Deuses Americanos, é talvez a maior obra do escritor Neil Gaiman, e isso tem o dobro do valor quando lembramos que Gaiman também é o autor das HQs de Sandman e da aclamada obra Coraline, então nada mais natural que o interesse de adaptarem essa história de alguma forma.
*Só para constar, não li o livro antes de ver a série, porque depois de mais de 7 anos comprando de tudo pela internet, pela primeira vez não recebo o que comprei. Obrigado por isso Fnac.
Mas voltando a série, acho que assistir sem ter lido acabou dando um toque especial ao programa, já que ele é todo moldado em cima do mistério na cabeça do protagonista e não ter recebido spoilers do livro fez grande diferença.
É sério, terão vários momentos em que você não terá a menor ideia do que está acontecendo, e sei que isso incomoda muito algumas pessoas, mas não se apegue a isso, porque com o tempo quase tudo vai sendo explicado.
Diferente da grande maioria das séries e filmes, onde temos um “acesso privilegiado” da história, aqui nós basicamente sabemos o que o protagonista sabe, com algumas exceções para flashbacks mostrando a atuação dos deuses, seja para nos familiarizarmos com eles ou mesmo só para ver suas ações, o mistério é parte essencial dessa primeira temporada tanto para o protagonista, como também para nós.
Então, não esqueça que você é o Shadow Moon!
A série conta com algumas várias cenas sangrentas dignas de Tarantino, e outras cenas adultas, porém a série não chega ao nível GoT ou mesmo de Dexter, nos quesitos sexo e sangue.
Porém de maneira alguma recomendo assistir junto com os pais, ou naquele belo almoço de domingo com a família (o Celso Portioli está aí pra isso). A série tem sexo, tem órgãos tanto femininos quanto masculinos desnudos, vísceras, sangue, violência… ainda que sem exageros, e quando eu digo exageros é que não perde o foco da trama, enfim, não é recomendado para todos.
Como eu disse a história, os diálogos e personagens, ainda prevalecem acima das cenas dignas de Tarantino, sempre com uma excentricidade peculiar, cada um dos personagens principais foge do comum e tornam a série muito mais dinâmica e divertida.
Só a “teoria” sobre “deuses americanos” que Gaiman prega em suas obras já é motivo suficiente para você assistir a série, “teoria” que Eduardo Spohr (A Batalha do Apocalipse, Filhos do Éden) também expõe nos seus excelentes livros, que aliás, eu já deveria ter recomendado aqui, mas por algum motivo ainda não o fiz.
Resumindo, e tentando não dar nenhum spoiler, deuses são personificados através da devoção das pessoas, é como se os deuses de todas as religiões existissem, enquanto houverem adoradores deles, e quanto mais crentes, mais forte esse deus é. Sendo que a grande sacada dessa história, é que na America, não são só deuses que são adorados…
Elementos não faltam para gostar da série, Shadow Moon e Mr. Wednesday, viajam pelos EUA, eles vão encontrando diversos personagens que acendem diversas discussões, da fé em diversas religiões, ao fanatismo armamentista dos americanos, incluindo até um dos melhores discursos sobre racismo que eu já vi, isso numa série que não tem esse tema como foco principal.
Além de tudo isso, resta dizer que tenho um leve grau de retardo mental, então não tenho a capacidade de identificar todas as metáforas e alegorias que a série mostra, mas se você for atento e gostar desse tipo de referência, com certeza vai encontrar vários paralelos e criticas com o nosso modo viver atual.
Vale o lembrete que o nome da obra é ‘Deuses Americanos’, ou seja, vai envolver deuses, portanto não é indicada para fanáticos religiosos, odiadores de humor negro e outras pessoas que não sejam adultas. Aliás, uma das melhores caracterizações da temporada é exatamente de Jesus. (Não venha com mimimi depois, porque eu avisei!).
Como a série é uma parceria da Amazon com o canal Starz, os episódios foram sendo liberados semanalmente, e isso me trouxe um péssimo sentimento que eu nem lembrava mais, a terrível ansiedade de ter de esperar 7 dias para o próximo episódio de uma série tão boa.
Mas para quem ainda não assistiu, todos os 8 episódios da primeira temporada estão disponíveis na Amazon Prime Video, como já apresentamos aqui, vale a pena pagar pelo menos um mês ou só a semana de degustação mesmo só para acompanhar a série.