Luke Cage: A cultura negra na Netflix

Always forward, always!!

Luke Cage cartaz

Apesar da cultura negra ser vasta e extremamente importante principalmente na história de países americanos, filmes e séries com essa temática ainda são muito nichados, não é fácil achar uma obra que aborde bem esses temas sem ser especificamente sobre ele.

E a Netflix conseguiu mostrar o submundo dos guetos, dentro de uma história de super-herói, apesar de Luke Cage na série não ser do Harlem, levar ele para o bairro original das HQs e um dos mais importantes para os afro-americanos foi uma das chaves para o sucesso do show solo do herói.

Alias diria que a série é 60% Luke Cage e 40% Harlem, vemos de perto a cultura, os conflitos entre o passado e o presente, dificuldades que pais e policia tem em manter os jovens na linha, a luta de alguns para transformar o bairro em um lugar melhor, e outros de ganhar dinheiro. E boa parte disso acontece sem o envolvimento de superpoderes, o catalizador de tudo é o Luke, mas diante disso toda uma trama acontece do lado dos bandidos sem que ele se envolva.

Algo engraçado e que me incomoda um pouco nos personagens da Netflix, é que os superpoderosos, Luke e Jessica, ficam de mimimi quanto a ter e usar poderes, enquanto o coitado do ceguinho e o maluco que tomou uma bala na cabeça tem que resolver os problemas da cidade da forma difícil. É obvio que se os personagens beirassem o anti-heroísmo e acabassem com o vilão rapidamente não teríamos a série, mas o mimimi em torno disso incomoda de verdade.

Aproveitando o incomodo, é bem chato ver que a Netflix ainda não consegue fazer boas cenas de luta com superpoderosos. Enquanto as brigas do Demolidor são muito boas e a cena do Justiceiro na prisão foi a melhor briga relacionada HQs já filmada, as lutas de Jessica e Luke são extremamente artificiais e a força que eles exercem nunca é a mesma, em vários momentos chega a ser tosca. Isso na minha opinião é o maior problema técnico que eles precisam resolver em suas séries de HQs.

Luke Cage a prova de balas
Economizar nos efeitos especiais para tiros na cara, ok, mas nas lutas… já é demais.

Mas vamos falar de mais coisa boa, além da retratação do Harlem, os easter eggs e referências aos quadrinhos, a outras séries da própria Netflix e dos filmes da Marvel, nem sempre são sutis, mas sempre estão no contexto, ouvimos pelo menos 4x durante os 13 episódios o termo ‘hero for hire’, ou herói mercenário, nome da primeira HQ do herói e como ele era conhecido durante sua parceria com Punho de Ferro, além de trajes clássicos, codinomes conhecidos, personagens das outras séries e das HQs, e até Stan Lee ganhou um espacinho.

Personagens x HQs Luke Cage
Bela caracterização e escalação do elenco da Netflix: Cage, Kid Cascavel e Misty

A escalação do elenco e desenvolvimento dos personagens também foi irretocável, personagens que secundários que pareciam só compor elenco se destacaram, principalmente Shades, mas também Scarfe e Bobby Fish sempre que apareceram tiveram algo para acrescentar.

Então considerando tudo isso que foi muito bom, meu único pé atrás era com o trauma pesado por causa da Jessica Jones, no momento em que chegamos ao 6º episódio e eu vi que a série tinha 13, foi o momento em que fiquei realmente preocupado que estivesse perdendo meu tempo novamente, já que assim como você sabia que o Dr. House não tinha descoberto a doença do paciente porque ainda faltava meia hora de episódio, sabemos que não tem nada resolvido quando ainda estamos na metade de uma temporada da série e herói aparentemente venceu.

E foi no momento em que mais estava desconfiado, a série engrenou de vez, saímos daquele loop de acontecimentos e começou praticamente uma nova temporada, com novos personagens e novos ares, sinal de que Jessica Jones serviu de aprendizado para a produção.


Luke Cage ameaçou repetir os erros de Jessica Jones, mas uma virada no roteiro elevou a qualidade da série, aproveitando bem os 13 capítulos para apresentar heróis e vilões, passado e motivações de ambos os lados. De bônus o seriado ainda é uma homenagem a cultura afro-americana, com direito a uma trilha sonora que até eu que definitivamente não coloco Rap entre meus gêneros musicais favoritos, adicionei pelo menos 4 músicas a minha playlist no Deezer.

Vem assistir Luke Cage
Vai, ele tá chamando…

Apesar das cenas de ação ainda BEM fracas, alguns clichês e certas cenas que beiram a vergonha alheia, como série num contexto geral, Luke Cage é muito boa deve agradar até que não é muito fã de super-heróis, para quem é fã é indispensável, assim como qualquer série Netflix/Marvel, já que elas estão ligadas e cheias de referência uma da outra.

A Segunda Temporada de Demolidor ainda é a melhor, mas assista tudo para ter um background melhor e que venha o Punho de Ferro, o último dos Defensores!


Tags do post: