Ghost in the Shell – A segunda decepção do ano

Será a maldição do hype?

Ghost in the Shell - cartaz

Ghost in the Shell é uma daquelas obras que você pode nunca ter visto, mas com certeza já ouviu falar ou pelo menos gosta de algum produto que se inspirou nele, a mais de 20 anos o anime e o mangá vem moldando grande parte da ficção científica que temos hoje – quem não ama Matrix??! 

Portanto mesmo nunca tendo assistido ou lido nada do título a expectativa é gigantesca de finalmente conhecer a história da Major e toda a discussão filosófica que envolve a sua condição, principalmente sendo ela interpretada por Scarlett Johansson.

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Como já está explicito no título do post já adianto que me decepcionei muito com o filme e vou tentar exemplificar o porquê desse descontentamento, lembrando que não conheço a animação então não sei o que foi e o que não foi baseado nela ou em qualquer outra mídia.

[ESSE TEXTO POSSUI ALGUNS SPOILERS, CUIDADO SE AINDA NÃO ASSISTIU]

Primeiro: O que tem de bom!

Só para deixar claro, o filme não é ruim, só não achei bom. Por exemplo, a parte visual e estética quase alcança o nível Doutor Estranho de qualidade, com exceção de alguns momentos em que a Major acaba parecendo um boneco de massinha se movimentando, todas as outras cenas são incríveis e se formos considerar que nada daquele mundo futurista existe, tanto os efeitos gráficos como as maquiagens e figurinos ficaram sensacionais.

Ghost in the Shell - Kuze e Makoto
Apesar de parecer com o Raiden daquele semi-lixo, Metal Gear Solid Rising, Kuze é bom “vilão”

Outra coisa que praticamente não tem defeitos, são as cenas de ação, tirando a batalha final que foi extremamente genérica e gratuita na história, todo o resto é muito bom, novamente, tanto os efeitos visuais quanto as coreografias, tudo ótimo.

Também gostei da interação dela com Batou, tanto em serviço, como também “socialmente”, a relação deles foi realmente interessante. Particularmente gostei mais do personagem Batou que a Makoto, coisa que não é difícil já que ele é engraçado e badass, enquanto ela é depressiva e badass, mas faz parte da história….

Ghost in the Shell - Batou
Junto com o boss Daisuke Aramaki, Batou é o melhor personagem do filme
O que não agradou

Na verdade, é difícil dizer exatamente onde está o problema, no geral o filme não é longo, explica bem a história e todos os elementos dele, tem bons personagens, um lindo visual, um vilão com uma boa motivação (o que é raro ultimamente)… mas falta alguma coisa.

O primeiro ponto é o que venderam no trailer… todas as cenas de ação estão lá, e são só aquelas. Eu entendo que o filme não é sobre resolver crimes e trocar tiros, e sim um questionamento do que é vida ou não, mas então que os trailers não fossem “tiro, porrada e bomba” (desculpe, não pude evitar).

Outro problema é que não existe um senso de perigo ou um desafio real. O chamado “terrorista”, na verdade só atacava e hackeava alguns indivíduos, ele tinha o potencial para causar grandes chacinas, mas não o fez. Incrível como em Velozes e Furiosos 8 temos hackeamentos realmente perigosos e em Ghost in the Shell, que deveria mostrar o verdadeiro poder disso não temos.

ghost in the shell - Kuze Network
Cena que poderia criar uma boa discussão, mas foi só um detalhe no filme

A investigação para encontrar e capturar Kuze, na verdade nunca existiu, eles tiveram duas chances de ter algum contato com o vilão, em uma era uma armadilha e na segunda ele mesmo permitiu que eles o encontrassem, ou seja, nada teve valor.


Uma semana após o lançamento já estão prevendo um possível prejuízo na bilheteria final do filme e estão jogando a culpa no “whitewashing”, por conta dos protagonista serem ocidentais enquanto no original eram todos orientais.

Primeiro que acredito que por mais propaganda que fizeram, não conseguiram levar público ao cinema, fui na primeira semana e a sessão não estava cheia, então não deu tempo suficiente de espalharem que o filme não é bom.

Segundo, esse negocio de querer todo mundo japonês em filme Hollywoodiano não cola, poderia ter sido? Poderia, mas não adianta, os blockbusters precisam de alguem com muito apelo como protagonista, e de asiáticos só o Jackie Chan e talvez o Jet Li teriam “tamanho” suficiente para encabeçar um blockbuster, e acho que nenhum deles seria uma boa Makoto. Já os coadjuvantes eu concordo que poderia ter mais japoneses, mas com certeza esse não é o motivo para um fracasso, até porque onde o filme mais fez sucesso até agora é lá no Japão.

Terceiro, não podem nem culpar o beijo lésbico da Makoto que chegou a aparecer em um teaser, porque ele foi cortado do filme.

Mas o foco do post é o filme e ele não vai gerar um lucro grande porque o filme não é bom, simples assim, lindo, mas tedioso, com uma ideia gigante e uma execução minúscula.

Sabe quando o filme chega ao final e parece que você perdeu um pedaço dele? Não por ser mal montado ou ter furos no roteiro, mas porque nada é muito relevante e nem fluido, a história é dividido em pequenos blocos de acontecimentos e no final parece que não aconteceu nada.

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Ghost in the Shell por enquanto é junto com Assassin’s Creed decepção do ano para mim, apesar de ser melhor que AC, ele não discutiu nada sobre o que é alma ou vida, só ficaram repetindo os termos “ghost” e “shell” para ficar bem claro que o título se trata da “alma dentro de uma carapaça/invólucro), sem falar no termo “glitch” que foi traduzido na legenda de uma forma que você não relaciona com as visões dela.

Apesar das cenas de ação serem em sua maioria muito boas, são muito curtas, e isso reforça ainda mais que o filme não é bom nem ruim, ele ameaça ser bom e para, ele ameaça ser ruim e acaba.

Só a decepção resume o que foi o filme para mim.


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